A vice-presidente da Colômbia, Francia Márquez, iniciou esta quinta-feira (28) uma visita oficial de dois dias a Moçambique, onde apelou ao governo moçambicano para se juntar ao seu país na defesa dos direitos das populações afrodescendentes no sistema das Nações Unidas (ONU).
Falando em Maputo, Márquez destacou que a invisibilidade histórica, a exclusão social e o racismo estrutural ainda persistem contra pessoas de ascendência africana em diferentes partes do mundo. “É uma dívida ainda não paga pela comunidade internacional, e precisamos que Moçambique esteja ao nosso lado nesta luta”, declarou.
Durante o encontro, a dirigente colombiana convidou Moçambique a participar de uma cimeira agrária internacional que o seu país organizará no próximo ano, com foco em soberania alimentar e erradicação da fome. A cooperação bilateral vai estender-se também às áreas da paz, educação, igualdade de género, desenvolvimento económico e agricultura.
Segundo Márquez, o trabalho conjunto entre países africanos e latino-americanos poderá reforçar a criação de políticas públicas globais contra o racismo e, ao mesmo tempo, apoiar mecanismos de reparação histórica. Ela recordou que, em fóruns recentes da ONU, a Colômbia defendeu a criação de um fundo global de reparações, visando enfrentar os legados da escravidão e do colonialismo.
A primeira-ministra de Moçambique, que recebeu a vice-presidente colombiana, classificou a visita como “histórica” e reafirmou o compromisso do país com a justiça social e com a defesa da memória africana.
O apelo de Márquez surge num momento em que cresce a pressão internacional para que os afrodescendentes sejam reconhecidos, não apenas como indivíduos, mas também como um povo com identidade e direitos próprios dentro da ONU.
