Governo de Madagascar cai após protestos e toque de recolher

Antananarivo, 30 de setembro de 2025 — O presidente de Madagascar, Andry Rajoelina, anunciou na segunda-feira (29) a dissolução do governo, em meio a uma onda de protestos que já dura vários dias e que se tornaram os maiores registados no país em anos. As manifestações, impulsionadas por jovens insatisfeitos com a crise de energia e a falta de água, deixaram pelo menos 22 mortos e mais de 100 feridos, segundo estimativas divulgadas pelas Nações Unidas.

Os protestos começaram após semanas de cortes de eletricidade e escassez de água potável que, em algumas regiões, chegaram a ultrapassar 12 horas consecutivas. Inspirados por mobilizações semelhantes da chamada “Geração Z” no Quênia e no Nepal, milhares de estudantes e jovens ocuparam ruas e universidades em Antananarivo, entoando o hino nacional e exibindo cartazes contra a gestão do governo.

Em resposta à pressão, Rajoelina anunciou a saída do primeiro-ministro Christian Ntsay e de todo o seu gabinete. Num discurso televisionado, o chefe de Estado pediu desculpas aos cidadãos:
“Eu compreendo a raiva, a tristeza e os desafios… Eu ouvi o chamado e senti a dor”, declarou, acrescentando que, caso o governo tenha falhado em suas obrigações, ele assume a responsabilidade.

O presidente também prometeu medidas para apoiar empresas afetadas pelos saques e apelou ao diálogo nacional para restaurar a estabilidade. Apesar disso, o Ministério das Relações Exteriores rejeitou os números apresentados pela ONU sobre vítimas, alegando que se baseiam em “rumores e desinformação”, não em dados oficiais.

As forças de segurança reagiram com gás lacrimogêneo contra manifestantes que tentavam marchar em direção ao centro da capital. Para conter os protestos, as autoridades haviam decretado um toque de recolher do entardecer até o amanhecer desde a semana passada, mas a medida não impediu a continuidade das manifestações.

A dissolução do governo representa o maior desafio político enfrentado por Andry Rajoelina desde que assumiu o poder. Observadores internacionais alertam que o episódio pode aprofundar a instabilidade num país já marcado por crises políticas recorrentes e dificuldades econômicas.

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