Deserto do Saara, Mauritânia – Vista apenas na sua totalidade do espaço, uma formação geológica colossal no deserto do Saara, conhecida como a Estrutura de Richat ou, popularmente, o “Olho da África”, permanece um dos maiores enigmas não resolvidos da geologia planetária. Com aproximadamente 50 quilómetros de diâmetro, o seu desenho quase perfeitamente concêntrico evoca a imagem de um alvo gigante, questionando as explicações convencionais sobre a sua origem.
Inicialmente, a Estrutura de Richat foi erroneamente classificada como uma cratera de impacto de meteorito devido à sua simetria circular. No entanto, análises subsequentes descartaram essa hipótese. O local não apresenta as evidências de rochas fundidas e metamorfismo de choque tipicamente encontrados em zonas de colisão cósmica.
A explicação dominante atual sustenta que o “Olho” é um domo geológico profundamente erodido. Segundo esta teoria, a formação começou como uma elevação da crosta terrestre que expôs camadas de rocha sedimentar mais antigas. A erosão pelo vento e água, ao longo de milhões de anos, desgastou as camadas mais macias em taxas diferentes, resultando nos anéis concêntricos que hoje observamos.
No entanto, a sua simetria quase perfeita continua a ser uma fonte de debate e fascínio. A inexistência de estruturas circulares semelhantes em qualquer outro lugar do planeta com estas características exatas leva geólogos a procurar fatores adicionais.
“A escala e a clareza da Estrutura de Richat tornam-na única. A erosão é a chave, sim, mas a forma como as rochas resistiram e erodiram em um padrão tão regular é o que nos faz pensar”, explica a Dra. Sofia Mendonça, geofísica especialista em formações do Saara. “É um laboratório natural que nos obriga a revisitar a complexidade dos processos de desgaste da Terra.”
A estrutura, que serviu como ponto de referência para missões espaciais iniciais (devido à sua visibilidade inconfundível), continua a atrair cientistas de todo o mundo. Para o leitor leigo, o “Olho da África” é um lembrete vívido de que a própria Terra ainda guarda mistérios de tirar o fôlego, esculpidos por forças naturais em escalas de tempo inimagináveis.
