“Tenho Medo, mas Temos Coragem”: A Confissão Pessoal de Silva Livone na Luta Contra a Corrupção em Niassa.

Maputo/Niassa – Nove meses após assumir a liderança governamental em Niassa, o Secretário de Estado, Silva Livone, concedeu uma entrevista franca a “O Destaque”, abordando os desafios socioeconómicos da província, as exigências do seu novo papel e o combate determinado à corrupção. Livone equilibra o entusiasmo do recém-chegado com a seriedade da sua função, sublinhando que, embora sinta o peso da responsabilidade, a coragem é imperativa.

Recebido de forma calorosa na província, Livone afirma sentir-se “em casa” e descarta qualquer saudade de Maputo, destacando uma relação “excecional” com a Governadora da província. No entanto, reconhece que a integração traz a clareza sobre as carências de Niassa, que descreve como “uma província que precisa ser construída”.

Desafios e Responsabilidade

O Secretário de Estado destacou as grandes lutas da região, centradas na melhoria das infraestruturas.

“Há desafios em termos de finanças, infraestruturas, tanto de saúde… A nossa população produz mesmo sem dinheiro, tentam melhorar a sua vida com material básico de construção no meio rural. Precisamos construir estradas, é uma província que precisa ser construída.”

Ao traçar um paralelo entre a sua função atual e o período em que foi Secretário da Organização da Juventude Moçambicana (OJM), Livone enfatizou a diferença de peso: “Não posso comparar, o Secretário de Estado deve representar o Presidente, respeitar a lei.” Ele considera que a OJM foi uma escola de organização, mas a sua missão atual é mais abrangente e política.

“Temos de Ter Medo, mas Temos de Ter Coragem”

Questionado sobre os riscos e o receio de represálias inerentes à vida política, Livone fez uma confissão surpreendente e profunda sobre a natureza humana e a liderança.

“Não existe quem não tenha medo, é claro que tenho medo. Se existir alguém que não tenha medo só pode ser o próprio Deus. Temos que ter medo, mas temos que ter coragem, sobretudo quando o povo está em primeiro lugar.”

Esta filosofia estende-se ao seu combate veemente contra a corrupção, particularmente a prática de venda de vagas de ingresso na Polícia. Livone prometeu uma ação firme.

“Eu sou autoridade, não há condições de alguém ameaçar alguém, vamos combater esta prática. Vender vaga significa vender o Estado moçambicano. Se estiver à venda no aparelho de estado vagas, estamos a vender o aparelho do estado.”

O Secretário criticou o impacto social devastador desta prática, lamentando que “As famílias não podem pedir dinheiro no banco de 200 mil para ir pagar uma vaga de emprego, porque quando ele voltar vai querer recuperar os 200 mil. Em Moçambique uma vaga de emprego não pode ser vendida, porque é uma luta de todos.”

Transparência e Futuro Político

Livone defendeu a integridade e transparência na gestão do Fundo de Desenvolvimento Económico Local (FDEL), lançado recentemente, enfatizando que o apoio financeiro deve ser dirigido a quem já comprova trabalho e dedicação.

“Há coisas que não precisam inventar, há senhoras nos distritos que vendem nos mercados, são essas pessoas que precisam ser financiadas. Não se pode financiar uma pessoa que nos últimos 20 anos nunca esteve ligada a nada, inventou um projeto porque viu que o tio está lá. Deve ser uma pessoa que está há muito no rumo.”

Em relação ao seu futuro político, Livone afirmou sentir-se realizado e focado apenas nas suas responsabilidades atuais. “A nível de carreira política já atinge o mais alto, não tenho outra expectativa, vou fazer as minhas atividades.”

Por fim, o Secretário reafirmou a sua pertença à Frelimo, defendendo uma postura de crítica construtiva. “Fazemos parte da Frelimo, estamos num processo de revitalização, queremos uma Frelimo que quer realizar o que prometeu,” apelando a que os membros do partido que ajam com arrogância ou corrupção “devem dançar a nossa música.” Livone terminou a entrevista convidando todos a visitarem e descobrirem as potencialidades turísticas da província de Niassa.

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